"Maluca"
Quando te vi pela frente
Não hesitei em te chamar de maluca.
Maluca pela tua gente,
Maluca pelas tuas ruas,
Maluca pela tua fumaça...
Nem sequer percebestes meu embaraço
Ao avistar teus viadutos e arranha-céus.,
Teu metrô, teus elétricos
E até teus famigerados trombadinhas.
Tu te preocupavas mais com a violência,
Insanos artesões que habitam tua ingenuidade.
Quando te conheci noite adentro,
Por um momento,
Julguei que fosses fantasia.,
Mas da noite para o dia,
Eu te rotulei "dura realidade".
És essa louca cidade
Berço de milhões de emigrantes,
Que assim como eu,
Te imaginam um exemplo de metrópole...
Mas continuas permissiva
E muitos não vêem
Teu dom de amiga, de mãe acolhedora.
Tu és maluca sim!
Pelo teu clima louco de sol e chuva,
Pela garoa que bem te identifica,
Pelo teu Anhangabaú,
Pela tua Avenida Paulista
Onde até tive o privilégio de usar o teu CEP residencial...
Tu és maluca sim,
Pelo teu dom de aceitar tantos e tantos
Quando tantos e quantos não te aceitam pelo que és.
E quando te vi pela frente, de pronto,
Eu te aceitei e te amei como cidade
E nem percebestes minha emoção...
Tu és maluca!
Tu és o maior barato!!!